segunda-feira, 17 de maio de 2010

ENTREVISTA: MOZART COUTO



"...E ele sabia desenhar e pintar profundamente, coisa que muitos arte-finalistas de fotos não sabem."


Olá Mozart antes de tudo gostaria de agradecer imensamente pela entrevista. Bem que tal começarmos com uma breve apresentação sua.
Eu sou desenhista autodidata, quadrinista e Ilustrador. Atuo no mercado desde 1979/80 tendo publicado no Brasil, Europa e EUA meus quadrinhos durante esse tempo de trabalho. Atualmente dedico-me mais às ilustrações. 

Mozart espero poder em outro momento lhe entrevistar mais focado em seu trabalho, pois também sou um grande fã seu. Mas no ultimo dia 10 de maio perdemos um grande artista, gostaria que comentasse sobre a morte de Frazetta para o mundo dos quadrinhos.
A arte de Frazetta comprova que os que atuam na arte comercial, podem atingir níveis que os colocam no mesmo nível dos mais renomados artistas de “galerias e museus” do mundo! Frazetta provou isso. Impossível não reconhecer, ao observar uma simples pincelada desse artista que ele foi um gênio da arte do desenho e da pintura.

Quando lhe procurei pensei em suas obras e como elas se assemelham em certos aspectos as de Frazetta, e você me confirmou por e-mail que apreciar suas obras. Você poderia nos dizer como conheceu os trabalhos deste artista e o que mais gosta nelas?
Eu já tinha visto algumas ilustrações dele em algumas matérias sobre Arte Fantástica, e quadrinhos, ali já admirava o trabalho dele. Mas foi quando um tio me presenteou com o Livro: "Frank Frazetta – Book Two – A Peacock Press/Bantham Book" que fiquei mais fã. A partir daí, a influência foi se fazendo cada vez mais forte em muitas coisas que fiz.
Eu não sei o que gosto mais na arte dele, Talvez seja o fato de não ser uma “arte-final” de fotos. Ele fazia a coisa, mesmo se usasse referências fotográficas, de modo que o “fazer humano”, a imaginação, a emoção e “a mão do artista” ficavam mais evidentes. E ele sabia desenhar e pintar profundamente, coisa que muitos “arte-finalistas de fotos” não sabem.

Certa vez pude ver uma entrevista sua na qual você falava sobre alguns artistas que o influenciaram em sua carreira como Serpieri, Joe Kubert e até mesmo seu pai. Mas especificamente sobre Frazetta ele o influenciou? Se sim como exatamente?
Sim, sim. Eu me baseei muito na obra dele, Nas figuras, na dinâmica, na composição excelente, no tratamento de fundos, ou mesmo das figuras centrais, meio inacabados em alguns pontos, chegando a uma desconstrução da forma que beira à abstração. Maravilhoso isso! Enfim, foi uma influência muito forte, por muitos anos. Só depois que passei a me interessar mais pelo quadrinho Europeu é que me afastei gradualmente dessa influência.

O título “Brakan o bárbaro”, feito desenhado por você e escrito por Emilio Braz, está inserido no gênero “Espada e feiticeiro” que ouso dizer foi definido visualmente por Frazetta. Como foi para vocês criarem uma obra que ao mesmo tempo que se distanciava de Conan buscando ser original tentava mantê-lo como referência?
Esse trabalho foi feito para atender um pedido de um editor que queria publicar algo no Brasil parecido com Conan. Mas essa fase foi outra, onde a influência de John Buscema se mostra muito forte nos meus desenhos. Porém, sempre, de uma forma ou de outra, pode-se perceber um “quê” da arte de Frazetta em tudo que fiz nesse gênero de Espada e Magia.
Acho difícil, ou impossível, que algum desenhista desse gênero não tenha sido fã e aprendido muito com o mestre.



Arte Frank Frazetta


Arte de Jonh Buscema


Arte Mozart Couto

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